18/11/2015

Aleksandr Dugin - Os Ataques Terroristas em Paris: Lição de Enantiodromia

por Aleksandr Dugin



Uma série de ataques terroristas em Paris que ocorreu na sexta-feira, 13 de novembro de 2015, pode ser, por muitas razões, um ponto de referência de um novo período da história europeia moderna. Se será ou não é uma questão em aberto, porque tudo depende de como estes eventos serão interpretados pela sociedade francesa e europeia, e que conclusões elas tirarão.

O desenvolvimento de eventos é já conhecido: em diferentes pontos de Paris um grupo bem organizado e coordenado de pessoas gritando fórmulas teológicas islâmicas (Allahu Akbar, etc.) começou a disparar contra civis sentados em bares e cafés naquela tarde que se preparavam para celebrar o fim de semana. Em conjunção, homens-bomba atacaram o estádio parisiense Stade de Paris, onde as seleções francesa e alemã jogavam uma partida de futebol. Ao mesmo tempo, um grupo de terroristas invadiu a casa de shows Bataclan onde um concerto da banda americana Eagles of Death Metal havia apenas começado, e começou a disparar contra a multidão, tomando-os como reféns. Como resultado, quase duzentas pessoas morreram e muitas outras ficaram feridas. O Estado Islâmico disse ser responsável pelos ataques terroristas.

Detalhes e versões do evento serão continuamente atualizados, mas é importante não apenas compreender a distinção, mas também descobrir seu significado.

"Islã" Sociedade do Espetáculo: Bem-Vindos a Nosso Show de Horrores

A organização terrorista ISIS é diferente de outras tendências do fundamentalismo islâmico moderno não apenas pelo escopo de atividade e sucesso em controlar grandes territórios no Iraque e Síria, por redes ramificadas em outros países islâmicos e sua coordenação eficiente, mas em primeiro lugar, por um grotesco arranjo de ações usualmente de natureza terrorista. Suas execuções de reféns são sempre conduzidas como uma peça teatral: a vítima veste o uniforme laranja, os executores cortando a cabeça e zombando do corpo perante a câmera. Operadores profissionais trabalham, luzes precisamente selecionadas e cenas chocantes e bem dirigidas superando filmes hollywoodianos como O Albergue ou vídeos snuff proibidos, onde a violência é real. Cristãos são crucificados em público. Monumentos antigos inestimáveis de culturas médio-orientais arcaicas que são valiosas para toda a civilização são impiedosamente esmagados. Homossexuais são arremessados de telhados e sua execução é cuidadosamente filmada. Mulheres e meninas capturadas são brutalmente estupradas e transformadas em escravas. Crianças de pouca idade são ensinadas a cortar a cabeça de seus ursinhos de pelúcia com uma faca. Novamente, tudo isso é filmado e metodicamente publicado na internet. Os porta-vozes do ISIS acrescentam em seus vídeos ameaças diretas e extremas contra todos os seus oponentes, prometendo que serão mortos, estuprados, desmembrados, escravizados, humilhados e pisoteados, e seu valor transformado em pó. Tudo isso baseado nas ideias islamistas clássicas de persuasão salafista, mas a teologia não parece para o ISIS como um aspecto importante: há algo de diferente em relação ao fundamentalismo islâmico clássico; é o Islã sociedade do espetáculo, um desprezível show de snuff islamista. Nada de pregadores tediosos, teólogos salafistas furiosos, apenas a escavadeira negra da indústria do entretenimento que adotou plenamente aqueles modelos criados pela cultura hollywoodiana moderna com pornografia e horror preponderantes, com todas as características de reality shows.

Isso distingue o estilo do ISIS. É um tipo de pós-modernismo; é o terrorismo fundamentalista pós-moderno. Ele possui mais traços em comum com a cultura visual ocidental do que com as sociedades religiosas tradicionais que o ISIS finge promover enquanto trava sua guerra. A religião é um instrumento, servindo a política, e ainda mais o entretenimento. O ISIS é em primeiro lugar um show, um show horrível. Parece ser exatamente o que os países ocidentais esperavam.

Os ataques terroristas recentes em Paris foram plenamente arranjados dessa maneira. Sexta-feira 13 é o preconceito comum da cultura moderna ocidental; é considerada uma data fatídica, portando má sorte. A série americana sobre o maníaco em uma máscara de hockey Sexta-Feira 13 tornou este portento extremamente notório entre a audiência de massa, a ponto de causar até mesmo o advento de um diagnóstico psiquiátrico específico, cada vez mais amplo, uma fobia da sexta-feira 13. Mas Sexta-Feira 13 só é assustador para pessoas ocidentais: americanos e europeus. Na cultura islâmica não há lenda similar. Não é sem propósito que a data dos ataques terroristas espetaculares foi escolhida assim, isso se encaixa perfeitamente na estratégia da Sociedade do Espetáculo. Você quer que nós te assustemos? Nós vamos fazer pra valer. É a lógica de qualquer filme de terror tentando fingir ser mais real. É difícil imaginar algo mais real do que terroristas cobrindo seus rostos, dirigindo ao redor das ruas de Paris na sexta-feira 13, iniciando sem fim de semana frívolo e disparando contra frequentadores de bares e cafés. É o maníaco fictício Jason Voorhees que veio até você, o homem que se afogou no acampamento Crystal Lake. O maníaco afogado que adotou o salafismo.

O que o ISIS queria dizer? O mesmo que nas ações grotescas anteriores. E o que é isso exatamente? O mesmo que toda a Sociedade do Espetáculo quer dizer: o pós-moderno não possui mais sentido, há apenas sentimentos, e se a sociedade só é provocada pelos sentimentos mais fortes, brutos e radicais como o medo animal, o terror da morte iminente, a queda súbita na situação de humilhação total, etc., pior para ela: nada pessoal, é apenas show business. Sangrento? Mas o que mais eles tem a fazer, se todos os sentimentos mais gentis não tocam mais as pessoas?

Como que as relações públicas sangrentas e o snuff perverso se relacionam ao Islã. Praticamente de maneira nenhuma. O ataque terrorista em Paris não possui uma única pista do conflito religioso ou do choque de civilizações. O ISIS é tão islâmico quanto Freddy Krueger ou Jeepers Creepers. É algo puramente hollywoodiano com um estilo perfeito, um reality show de terror da nova geração.

Enantiodromia do Oriente Médio

O pesadelo de Paris, porém, está inscrito na moldura geopolítica de referência, já que se trata de um episódio dos eventos que ocorrem no Oriente Médio. Há um caos sangrento em continuação, lançado com o apoio dos EUA e da Europa (incluindo a França) para derrubar os regimes estabelecidos da década passada. A derrubada e guerra civil resultante, que vem formalmente sob o slogan de "democracia em aprofundamento" segundo o plano americano do Grande Oriente Médio, foram abertamente anunciadas por Condoleezza Rice, Secretária de Estado dos EUA, em Tel Aviv em 2006. Tudo começou com a Primavera Árabe de 2010 e continua ainda agora. Durante aqueles processos lançados pelos americanos, às vezes acompanhados por invasão direta dos EUA ou de forças da OTAN no mundo árabe, uma série de conflitos políticos e religiosos sangrentos começou em diferentes países: Iraque, Líbia, Iêmen, Egito, Bahrein, Síria, etc. Neste jogo regional complexo os EUA, porém, não apostaram nas forças demo-liberais, que nem mesmo existem na região, mas em fundamentalistas islâmicos com quem a CIA e outras agências americanas de inteligência (em particular, a AID) haviam estado trabalhando desde os dias da Guerra Fria quando foram usados para combater regimes e partidos socialistas pró-soviéticos ou nacionalistas seculares (como o Baath, que governava antes do início dos últimos desenvolvimentos no Iraque e Síria, exatamente onde agora guerras sangrentas eclodem). O fundamentalismo islâmico tem seus principais centros na Arábia Saudita e no Qatar, onde as forças governantes são em geral pró-americanas, praticando uma versão extrema (salafista) de fundamentalismo islâmico (sunita). Forças similares são muito fortes no Paquistão e no Afeganistão.

Washington, portanto, usa o fundamentalismo islâmico para seus próprios interesses de aprofundar a democracia (que demonstra sérias contradições conceituais, que, porém, podem ser ignorados na era pós-moderna) e força seus "parceiros" (vassalos) europeus de vontade frouxa a fazer o mesmo. Mas mesmo com todas as inconsistências lógicas de tal política, é claro que o propósito dos EUA não pode ser o de pôr na cabeça do mundo árabe ou mesmo de todo o mundo islâmico islamistas radicais. Então aqui eis um efeito do pós-modernismo na geopolítica médio-oriental: os americanos, por um lado, apoiando e armando extremistas islâmicos para fazê-los destruir o sistema existente de governo, por outro lado, ativamente os demonizando, os representando como "criaturas diabólicas" e caricaturas sinistras (como a companhia de relações públicas do ISIS). Tal estratégia pode ser chamada de "enantiodromia", quando simultaneamente dois processos ativos e intensivos de direção oposta estão operando. A base americana e as ferramentas no Oriente Médio são coisas descritas simultaneamente por ambos como "puro mal".

A questão surge: por que isto é feito? Qual é o objetivo americano final? Essa questão possui o sentido mais importante para quem sofre pelo ataque terrorista em Paris, pelo menos para as poucas pessoas na França e na Europa moderna que ainda tem a habilidade de pensar racionalmente e sensivelmente. Agora eles estão sendo mortos impiedosamente em seu próprio território. Podemos perguntar o motivo? Qual é a razão?

Não há resposta evidente. A análise racional leva inexoravelmente à conclusão de que Washington, persistentemente e consistentemente usando sua própria enantiodromia geopolítica, não possui objetivo positivo. Os regimes que foram derrubados com o apoio dos americanos não representavam ameaça direta aos EUA em geral e costumavam concordar com Washington às vezes. Não havia necessidade urgente de os destruir de tal maneira. Especialmente quando a Síria de Assad ou a Líbia de Gaddafi eram muito mais próximas socialmente, culturalmente e axiologicamente dos EUA e da Europa do que os salafistas extremistas. Um fato deve ser reconhecido: os EUA não possuem objetivo positivo, e não são mais capazes de oferecer qualquer coisa ao mundo onde eles ainda são o pólo principal e o centro de poder, eles começam a exportar caos, massacres e guerra civil como um fim em si. Eles não estão interessados no que vai acontecer no futuro, mas no que está acontecendo agora. Isso significa que eles estão tão satisfeitos com o processo de enantiodromia que eles não buscam superar a contradição, mas estão dispostos a agravá-la, tornando o caos um ambiente natural. E neste ambiente, sendo normal, é possível apresentar certos objetivos táticos locais. Como os trotskistas foram ensinados sobre a "revolução permanente", a estratégia moderna de Washington adotou o conceito de "caos permanente". Não há objetivo a conquistar na nova guerra (às vezes chamada "híbrida"). O processo de garantir a guerra é o objetivo.

Os EUA combatem o ISIS da mesma maneira que combatem por ele e junto dele. A Rússia ainda segue ideias "ultrapassadas": ou um ou outro, ou a favor ou contra. Isso explica a política russa na Síria. Ela está lá para derrotar seu inimigo. Moscou não compreende ou não aceita a enantiodromia. A Rússia claramente está "atrasada" no pós-modernismo, se apegando à lógica clássica, inclusive na guerra e na política.

A Europa, incluindo a França, está em uma posição intermediária da geopolítica americana de caos no Oriente Médio. Por um lado, Washington obriga a Europa a seguir sua política (enantiodromia), por outro lado, o exemplo da Rússia, seguindo modelos mais clássicos de lógica, gera sobriedade e retorna as mentes de líderes europeus às questões usuais de objetivos, meios, causa, efeito, equilíbrio de poder, interesses e, finalmente, valores.

O ataque terrorista em Paris no dia 13 de novembro de 2015 é o momento de um radical agravamento de contradições. Os franceses se depararam com o desafio de que eles não podem lutar sob a enantiodromia atlantista existente, ao mesmo tempo, eles não são nem mesmo capazes de descrevê-la corretamente. Isso significa que este ataque não será o último. Paris não será capaz de responder a ele igualmente, porque ele não é capaz de compreendê-lo, nem mesmo descrevê-lo.

Assim o ISIS domina. Afinal, ninguém pode e quer detê-lo. E assim ele continuará, a Sociedade do Espetáculo tem sua própria lógica, a lógica perversa do entretenimento grotesco.

A política doméstica na França está lidando com a mesma enantiodromia pós-moderna que a geopolítica no Oriente Médio. Só que dessa vez ela é também uma dimensão ideológica associada com as ideias do liberalismo.

As ações livres dos terroristas do ISIS realizadas quando do ataque da sexta-feira 13 em Paris estão majoritariamente ligadas à situação que havia se formado na sociedade francesa por causa da imigração em massa, consistindo em pessoas do Oriente Médio e Magreb (principalmente muçulmanos) e agora a "nona onda" de refugiados, rapidamente abandonando as zonas mais sangrentas (Síria, Iraque, Iêmen, etc.). A campanha de relações públicas do ISIS joga lenha na fogueira, já que nem todos os muçulmanos veem algo de bom na paródia de seita extremista, nada mais que serial killers, porém todos conhecem a síndrome de Estocolmo quando reféns sinceramente defendem terroristas. Permitir que imigrantes entrem livremente no território da França e fundem ali seus enclaves sociais (muitas vezes não tendo nada a ver com o estilo de vida e valores dos franceses nativos) demanda a ideologia do liberalismo, dos "direitos humanos", da "sociedade civil", que é a ideologia dominante e oficial da sociedade moderno, não menos que o comunismo na União Soviética. Assim, enquanto se mantiver o status quo da democracia liberal (que ninguém em toda a Europa deseja abandonar ou mesmo pensa em fazê-lo) o crescimento da imigração e a expansão de centros culturais islâmicos estão garantidos. Ademais, europeus nativos (especialmente os franceses), sob o liberalismo dominante, não tem o direito de afirmar sua própria identidade e de demandar respeito para valores europeus por imigrantes (hoje, isso é equivalente a "fascismo"), a assimilação de imigrantes à sociedade europeia é simplesmente excluída já no início. A sociedade europeia em termos de liberalismo possui uma identidade puramente negativa: a Europa moderna não quer ter nada a ver com a velha Europa, Cristandade, nações, Estados, patriarcado, moralidade tradicional, etc. Em contraste, o "europeu" é declarado como tudo que mais se separa de suas raízes.

Contra o pano-de-fundo não apenas do enfraquecimento, mas até mesmo proibição por razões ideológicas da identidade europeia, a imigração (majoritariamente islâmica) cria automaticamente suas próprias políticas e programa de valores religiosos. O programa não tem como ser orgânico e dotado de continuidade histórica, porque o Islã chegou à Europa moderna artificialmente e vindo de diferentes regiões, geralmente com tradições étnicas, culturais e religiosas muito diferentes umas das outras. Assim, os imigrantes islâmicos estão praticamente condenados a arranjar uma pseudo-ideologia não islâmica, mas islamista, não tradicional, mas moderna e mesmo pós-moderna, não natural, mas artificial. Dessa forma, o Islã Sociedade do Espetáculo com a dominação da ideologia liberal na europa é praticamente inevitável, e só pode se tornar mais forte. Isso é garantido: o número de imigrantes só vai crescer, a identidade europeia só vai se enfraquecer e o crescimento do islamismo pós-moderno só vai se acelerar.

Os ataques de Paris seriam simplesmente impossíveis sem um ambiente islamista estável já formado na França, fundado muito antes das ondas atuais de refugiados. É claro, entre os refugiados ativistas do ISIS puderam chegar ao país, e é possível que eles tenham sido os participantes diretos dos ataques. Mas o criadouro para isso foi preparado muito antes, e inicialmente ideologicamente. O liberalismo, encorajando a imigração (isso é abertamente dito por George Soros, um dos seguidores e praticantes mais consistentes do liberalismo) e consistentemente apagando a identidade europeia (sob o pretexto de "antifascismo"), criou todas as condições necessárias.

É realista esperar que após o massacre em Paris a situação mudará? Para fazer isso acontecer, as autoridades francesas teriam que reconsiderar seriamente sua atitude em relação à ideologia dominante: só isso forneceria a base para a regulação da migração e a consolidação dos franceses. Mas isso é simplesmente impossível. Nem Hollande, nem as principais forças políticas da França, com exceção da abertamente iliberal Frente Nacional de Marine Le Pen, desistirá da ideologia liberal sob quaisquer circunstâncias. Assim, até o colapso final do liberalismo na Europa, todos os processos que levaram aos ataques continuarão a se fortalecer. Os riscos não diminuirão, só aumentarão.

O liberalismo europeu levará inevitavelmente à mesma situação que no Oriente Médio. Os EUA estão aprendendo a viver em condições de caos moderado controlado. Não é o suficiente ter um líder leal aos EUA em cada país. É necessário um "aprofundamento democrático". É a reivindicação enantiodrômica. Mas isso parece agora dirigido à Europa também. Como os liberais estão garantidos no poder na Europa, é garantido que haja crescimento dai migração e escalada de conflitos étnicos e culturais. Também é garantido haver crescimento do terrorismo e da popularidade do ISIS pós-moderno. No final, nós temos uma guerra civil na Europa, preparada ativamente agora. Os ataques terroristas em Paris mostram como isso acontecerá. Bashar al-Assad notou corretamente que as experiências francesas de 13 de novembro de 2015 são os mesmos eventos que os sírios tem vivido em anos recentes, só que em escala diferente. Na sexta-feira 13 nós vimos um ensaio do futuro europeu: os franceses celebrando e bebendo em bares no fim de semana e grupos armados de terroristas islâmicos descontrolados disparando contra pessoas. E ninguém deduzirá quaisquer conclusões, ou mesmo ousará descrever a situação adequadamente. Nesse caso, aqueles que são representados hoje como um grupo de maníacos, uma versão islamista de Freddy Krueger, amanhã se tornarão a oposição moderada europeia e os combatentes pelos direitos de minorias pela democracia. É possível que eles terão em suas mãos regiões europeias inteiras, e talvez países inteiros, se os europeus politicamente corretos continuarem bebendo coqueteis, indo a estádios e a concertos de bandas de heavy metal. O mais pesado dos metais é uma bala, voando da cena ao invés de vozes altas de degenerados americanos, sob o grito de "Allahu Akbar!". O mais duro de todos.

Desistam do liberalismo ou encarem os mesmos problemas.

Que lições podemos tirar dessa tragédia?

1 - Estamos vivendo no momento decisivo em que a civilização ocidental se aproxima de seu fim. Atos terroristas como os de 13/11 de Paris mostram isso de forma clara e inequívoca. O Ocidente que conhecemos não existe mais. Ele não pode existir por mais tempo. Era uma vez houve um certo Ocidente. Com valores patriarcais heroicos, identidade cristã, cultura profunda e rica com raízes grecorromanas. O Ocidente de Deus, do homem e da natureza. Não há nada como isso em vistas. As ruínas. A civilização liberal fraca e venenosa, baseada na auto-indulgência e ao mesmo tempo no ódio por si mesmo. Sem identidade, a não ser uma puramente negativa. Povoada por humanos egoístas e envergonhados de si mesmos. Ela não pode ter futuro. Diante de combatentes brutais pós-modernos do ISIS, ela não pode afirmar nada, não pode opôr nada, não pode sugerir nada. O Ocidente não pode mais ser ocidental. Ele está perdendo a si mesmo. Está se afogando. A França não é o pior lugar. Todo o resto da Europa e dos EUA estão da mesma maneira. O Ocidente tem medo. Não do ISIS, de si mesmo, de seu vazio, de seu niilismo. Se o Ocidente sobreviver, não será o mesmo Ocidente que conhecemos. Ou ele se transformará em um clone do Oriente Médio em sangue e fogo e sem saída, ou em um sistema totalitário obcecado com segurança. O ISIS não é o perigo real, ele é um sintoma de máxima decadência. Os vermes não podem causar a morte. Eles vem quando tudo está no fim. Se você negar Aquele que se ergueu dos mortos e salvou o outro, a morte é o verdadeiro fim. Assim, é o dia do juízo final.

2 - Aqueles que entendem a gravidade da situação devem correr e buscar salvação. Há poucos lugares no mundo que tentam escapar do niilismo da Modernidade em sua virada final. A Rússia permanentemente criticada e culpada é um desses lugares. A Rússia está longe de ser um país ideal ou ótimo. Há muitas falhas e pontos fracos. Mas ela resiste. Ela não aceita a porção total do veneno. Ela recusa a se suicidar como o Ocidente o faz. Assim, ela resiste. O conservadorismo russo alerta os russos contra caírem na mesma armadilha: quando você é atacado e assassinado em seu próprio lar e obrigado a sorrir e ficar em silêncio. Hillary Clinton confessou que os EUA conceberam o ISIS, mas que o ISIS escapuliu e enlouqueceu. O Ocidente experimenta com formas suicidas. Ele continuará. A Rússia e alguns outros países lutam para viver e sobreviver ao inevitável Fim do Ocidente. Assim, a Rússia está aberta como um Arco para todos. Ela ama a Europa. Não a de hoje. A outra Europa. A original. Cristã, romana, grega. A Europa Tradicional, povoada por europeus. Como antes, como sempre. Nos tempos antigos, a Rússia foi um escudo da Europa. Agora os papeis se inverteram. A Europa acaba sendo um tipo de escudo da Rússia. Mas dessa vez o escudo não é muito bom. A invasão vem. A Rússia precisa da Europa, e queria que ela fosse um bom escudo. Então há pelo menos alguns interesses comuns, senão valores comuns. A Rússia ficaria feliz em salvar a Europa. Sem isso, é impossível. Eu não julgo se ainda for possível. Mas não obstante, todos precisamos de um front comum. Precisamos lutar até o Fim e com o Fim.

3 - As elites europeias não extrairão conclusões dos tiros e explosões de 13 de novembro em Paris. Mais imigrantes, mais liberalismo, mais paradas gay e políticas de gênero. Mais tolerância. Mais liberalismo. Essa será a resposta. Essas elites são completamente insanas. Se a Europa quiser ser salva, ela precisará de novas. Agora é a hora de lutar a sério pela Tradição, por Cristo, pela Identidade, por restauração da Soberania perdida. As elites liberais insanas são muito mais temíveis e perigosas que o ISIS. Com uma vontade firme não há qualquer dificuldade em vencer o ISIS e deter a agressão e ocupação da Europa. Mas o problema é que o ISIS é a criação da elite liberal. Parcialmente da estratégia geopolítica americana, parcialmente do vácuo natural. O liberalismo é o nome da Morte. Derrubem ele, e ainda poderá haver uma chance. Com ele, não há qualquer chance.