27/08/2016

Jay Dyer - Dialética Gerenciada e o Imperium Liberal

por Jay Dyer



A "guerra racial" engendrada e publicizada que o sistema atual dos EUA deseja é uma estratégia de tensão de longo prazo com inúmeros precedentes históricos. Dizer que essa tensão é exacerbada e atiçada pela elite liberal hegemônica não é dizer que a diferença não é real. Ao contrário, culturas e civilizações produzem diferentes sociedades como resultado natural da alma daquele povo, e isso é bom. Na verdade, a "diversidade" é um bem natural, assim como a existência digna de diferentes ethnoi, uma noção ortodoxa clássica. Em nossa época, porém, com a ascensão do individualismo atomista pós-iluminista, "diversidade" se tornou um dogma fundamental do duplipensar no qual o objetivo subversivo da "diversidade" é a obliteração das distinções e diferenças reais.

É por meio dessa contradição crucial e duplipensar orwelliano que duas noções completamente opostas são sustentadas simultaneamente nas mentes do mundo ocidental liberal. Por um lado, os EUA e o Ocidente liberal pretendem representar a "democracia", a "liberdade" e o igualitarismo, ao mesmo tempo que travam guerras de agressão estrangeira para o estabelecimento da "Pax Americana", enquanto extorquem os recursos naturais e invertem e destroem as heranças culturais de nações culpadas do crime abominável de serem diferentes do imperium liberal dos EUA. Nesse sentido, diversidade enquanto ideologia é uma dialética gerenciada que existe nas mentes de muitos ocidentais, ainda (apesar de haver muitos sinais de que essa farsa começa a enfraquecer).

A lógica interna sombria desse imperium é precisamente autodestrutiva para a população doméstica, bem como para as nações nas quais ela espalha sua agressão, seja por meio do poder suave de ONGs, think-tanks e toxicidade cultural, ou através da guerra direita ou ataques proxy. A "sociedade aberta" só está aberta para a dominação do coletivo anti-humano, uma identidade coletivista unida apenas em sua premissa fundamental de liberdade negativa a qual, na filosofia política, denota um ponto de partida filosófica de negação de obrigações coletivas e realidades ontológicas. É neste sentido que a América agora representa o Admirável Mundo Novo, realizando a profecia alquímica de Bacon, como o motor de potências atlantistas, uma grande máquina por meio da qual projetar o pleno espectro da subversão sobre o globo, sob o disfarce risível dos "direitos humanos".

Ideias iluministas de liberdade como liberdade em relação a quaisquer limitações externas incorporadas no Estado devem logicamente se estender ao que, na filosofia, às vezes é chamado de autoconsciência epistêmica. Isso significa que uma cosmovisão ou sistema de crenças vai, ao longo do tempo, se tornar mais consistente com suas premissas fundacionais. Se essas crenças forem contraditórias, como muitas das opiniões dos empiristas do iluminismo eram, os seus descendentes sentirão estes efeitos, com o geist orientador movendo essas sociedades rumo a uma maior consistência interna. Essa consistência pode ter um lado sombrio, como mencionado, no qual o falso pode se tornar mais falso e mais corrupto. Este é o caso da América enquanto experimento iluminista, tendo escolhido como seu destino o satânico, para se desenvolver como o Imperium anti-imperial. Enquanto tal, é agora inerente dentro da lógica antilógica da América elevar o pior, exaltar o pior e buscar subverter globalmente.

Visto dessa maneira, a América enquanto força global e ideologia, se tornou um tipo de casca, um simulacro de nação, um imperium antimetafísico em guerra contra tudo que é tradicional, natural e orgânico. Energizado com toda a força da fúria demoníaca que caracteriza os aneis do Inferno de Dante, o pesadelo da LSDisneilândia deve ser estendido globalmente para trazer o imperium pós-humano de uma monocultura fanática cuja contra contra distinções e contra a diversidade real devora seu próprio "humanismo" como um ouroboros autodevorador. Neste sentido, o ouroboros é um símbolo dialético perfeito do mito clássico da América como, simultaneamente, o Admirável Mundo Novo e Atlântida. É uma Atlântida necromante onde o caldeirão alquímico de homens brancos e negros deve ser combinado em uma reação química violenta para dissolver e destruir ambos os ethnoi (tal como todos os outros), fazendo emergir a elite dominante que busca se tornar pós-humana.