22/11/2010

Covardia Pública

"Um declínio na coragem (...) pode ser a característica mais marcante que um observador externo poderia notar no Ocidente em nossos dias. O mundo ocidental perdeu sua coragem civil, tanto como um todo e separadamente, em cada país, cada governo, cada partido político e, é claro, nas Nações Unidas.Tal declínio em coragem é particularmente notável entre os grupos governantes e a elite intelectual, causando a impressão de perda da coragem por toda a sociedade. É claro que há muitos indivíduos corajosos, mas eles não tem influência determinante na vida pública. Burocratas políticos e intelectuais demonstram depressão, passividade e perplexidade em suas ações e em suas afirmações e ainda mais em reflexões teóricas para explicar o quão realista, razoável e intelectualmente ou mesmo moralmente legítimo é basear políticas de governo na fraqueza e na covardia. E o declínio na coragem é ironicamente enfatizado por explosões ocasionais de ira e inflexibilidade da parte dos mesmos burocratas ao lidarem com governos e países fracos, não apoiados por ninguém, ou com correntes que não podem oferecer qualquer resistência. Mas suas línguas ficam amarradas e paralisadas quando eles lidam com governos poderosos e forças ameaçadoras, com agressores e terroristas internacionais. Alguém deveria apontar que desde tempos antigos, um declínio na coragem tem sido considerado o início do fim?"
(Alexander Solzhenitsyn, Trecho de 'Um Mundo Dividido')