26/03/2012

Sobre a queda das Nações Unidas

Por Aleksandr Dugin

Neste momento existe uma crise global nas Nações Unidas, e esta crise está rapidamente se tornando aparente. Mas para entendê-la, devemos primeiro lembrar o que é a ONU. A Organização das Nações Unidas é uma instituição criada de acordo com os resultados da Segunda Guerra Mundial e que favoreceu os interesses dos dois campos ideológicos globais que foram os vencedores da Guerra. Ou seja, os representantes do mundo socialista e capitalista. Stalin da URSS e também Churchill e Roosevelt; e na verdade estes eram os países que controlavam os dois principais jogos políticos. Isto é, os países do Ocidente sob o comando de Inglaterra e Estados Unidos e os países da Europa Oriental, ocupados pela União Soviética. Estes eram os dois blocos centrais de países que, de acordo com o Resultado da 2GM, dividiram sua influência ao redor do mundo. E é claro que havia um terceiro grande grupo de países que eram considerados independentes, e no contexto deste mundo bi-polar, poderiam escolher o seu próprio caminho de desenvolvimento. E isto era as Nações Unidas. Ela refletia essa estrutura de um mundo dividido em dois polos. 

Em 1991 este mundo bi-polar entrou em colapso, e os Estados Unidos começaram a construir u mundo uni-polar. A estrutura da comunidade internacional que pressupunha duas super-potências e os diversos países entre elas rapidamente se tornou obsoleta. Países, poderosos ou não, começaram a desenvolver seus próprios interesses, e as funções da Onu foram, eventualmente, bloqueadas. 

Por causa disso, os Estados Unidos, tomando lugar da ONU, decidiram construir uma “Nova Liga de Democracias”, ou seja, a America e seus aliados. Nós, nos últimos anos, começamos a financiar o ONU por uma razão principal: vemos nela uma instrumento pelo qual podemos contra-atacar a hegemonía unilateral Americana. Mas nós não podemos mais agir como uma super-potência mundial, e por essa razão, nós vemos a ONU tanto como uma estrutura do passado, quanto um projeto para o futuro. Isto é, como eu entendo, a ONU aos olhos do nosso governo pode agir como um instrumento de um mundo multi-polar do futuro. Mas dentro disso, há uma certa ingenuidade, porque para mim, parece extremamente improvável que os EUA irão deixar-nos fazer uma mudança de maneira tão suave. Isto é, colocar, ao invés de um segundo polo (que caiu nos anos 90), um número maior de polos, e então tornar a ONU em uma instituição p-os uniploarismo, mas um modelo multi-polar do mundo. Mas de qualquer modo, a tentativa é digna, mesmo que, caso avancemos nos esforços, creio que a ONU será rapidamente desintegrada. Porque os Americanos poder, a qualquer momento, afundar o navio e criar no seu lugar uma Nova Liga de Democracias. Por esta razão, eu acho que devemos nos focar na criação de um novo modelo de mundo multi-polar, e sobre uma nova jurisdição que governará as relações internacionais, o que pode acontecer apenas após a destruição deste mundo uni-polar.

Dizer que nada aconteceu e que o mundo é o mesmo de antes da queda da União Soviética, é impossível. O mundo deve ser multi-polar. Isso foi reiterado ha não muito tempo pelo nosso presidente Dmitry Medvedev. Mas a multipolaridade é uma filosofia do todo. E mais do que isso, a multipolaridade é de fato uma ideologia. E não é a ideologia da ONU, porque a ideologia da ONU é uma ideologia inspirada em Yalta, de um mundo bi-polar.