19/02/2014

A Quarta Teoria Política: Além da Direita e da Esquerda

Entrevista com o jornalista alemão Felix H. Widerstand por Natella Speranskaya.


Natella Speranskaya:  Como você descobriu a Quarta Teoria Política? E como você avalia as chances dela se tornar uma grande ideologia do Século XXI?

Felix H. Widerstand:  Eu descobri a Quarta Teoria Política depois de fazer algumas pesquisas e buscar por formas alternativas de organização política. Eu compreendi que os conceitos de “esquerda” e “direita” são meios enganosos para confundir as pessoas a fim de dividí-las; e que deve haver uma forma real de combater o globalismo e resistir à “nova ordem mundial” que está sendo implementada pelo Ocidente controlado por Sionistas (EUA, Israel e União Europeia).

Então eu descobri a Terceira Posição, e tornei-me um defensor do movimento nacional-revolucionário em uma ordem geopolítica multipolar (Nos países Árabes eles têm o Baathismo e o Nasserismo; na América Latina eles têm o Peronismo, Bolivarianismo; e em nossos países temos o Eurasianismo). Isso também é conhecido como “nacionalismo internacional”; contra o chauvinismo e racismo, mas a favor da preservação de todas as identidades e de todas as culturas. Vejo o Eurasianismo, ou a Quarta Teoria Política, como uma forma contemporânea de resistência para aqueles de nós que vivem “das Ilhas Canárias até Vladivostok”. Pela resistência contra o sistema plutocrático, materialista e economicista disfarçado de “democracia”, e contra o imperialismo cultural americano.

As chances de se tornar uma grande força ideológica agora são ainda muito baixas na minha opinião (pelo menos para os ocidentais), por causa da constante lavagem cerebral que a nossa sociedade está exposta. Consumismo, individualismo, Mamonismo, e todo tipo de sujeira está sendo lançada na mente do nosso povo diariamente pelos meios de comunicação. Mas o primeiro passo deve ser o de difundir a ideia, para abrir os olhos das pessoas, deixando-as saber que outras formas de organização social são possíveis. Portanto, precisamos de bons líderes capazes de organizar as pessoas e que possam permanecer fortes e desafiadores contra a Nova Ordem Mundial, sempre defendendo a soberania nacional a qualquer custo.

A melhor forma de organização política, na minha opinião, é a tradicional, na qual os valores espirituais sejam respeitados, o orgulho coletivo seja encorajado e a justiça social seja implementada; contra a usura, a exploração e o capitalismo. Mas essas ideias são vistas como “extremistas”, ”fascistas” e “antidemocráticas” pela esquerda e direita politicamente corretas.

Natella Speranskaya:  Leo Strauss ao comentar sobre a obra fundamental de Carl Schmitt “O Conceito do Político”, observa que apesar de toda a crítica radical do liberalismo incorporado contida nele, Schmitt não segue isso, já que sua crítica permanece no âmbito do liberalismo. “Suas tendências anti-liberais, –  afirma Strauss, – continuam limitadas pela ‘sistemática do pensamento liberal’, que não foi superada até agora, a qual –  como o próprio Schmitt admite –  ‘apesar de todas as falhas, não pode ser substituída por qualquer outro sistema na Europa atual’”. O que você identifica como uma solução para o problema da superação do discurso liberal? Você poderia considerar a Quarta Teoria Política do professor Alexander Dugin como uma solução? A teoria que está além das três grandes ideologias do século XX – o Liberalismo, o Comunismo e o Fascismo, e que é contra a doutrina Liberal.

Felix H. Widerstand:  De fato, a doutrina Liberal (plutocracia, usura e  capitalismo selvagem) é o sistema econômico parasitário usado pelos imperialistas norte-americanos (Sionistas, porque os Sionistas não estão apenas em “Israel”, estão em Washington e em Nova York também) para controlar o mundo e destruir a soberania econômica e nacional de todos os países que ainda seguem políticas independentes e não se curvam ao globalismo. Vimos isso muito recentemente na Líbia, vimos isso no Iraque, na Iugoslávia, e estamos testemunhando o mesmo outra vez com os eventos em curso na Síria. Que coincidência que todos os países que estão sendo destruídos pelos belicistas tinham um sistema bancário independente e não eram seguidores da doutrina Liberal!

Leo Strauss foi o principal autor da ideologia “neocon”, ele era um Sionista supremacista como todos os seus seguidores poderosos e ativos agora (Elliott Abrams, Paul Wolfowitz, Charles Krauthammer, Richard Perle, Douglas Feith, e assim por diante – todos esses criminosos sujos e repugnantes têm uma agenda muito ruim).

A solução para o Liberalismo seria restaurar a soberania nacional e econômica de todos os países, em um mundo geopoliticamente multipolar. Temos que sair da “União Europeia”, sair do Banco Mundial, a Grécia (por exemplo) deveria parar de pagar juros aos banqueiros do Goldmann Sachs; todos os países que querem de volta a soberania nacional devem sair de todas essas organizações globalistas internacionais que, de forma Orwelliana, estão escravizando países em nome da “liberdade e democracia”.

Vejo a organização e ativismo do Professor Dugin como uma alternativa muito boa para lutar contra esse sistema.

Natella Speranskaya:  Você concorda que hoje existem “duas Europas”: a Liberal (incorporando a ideia de “sociedade aberta”, direitos humanos, registro de casamentos do mesmo sexo, etc) e a outra Europa (“uma Europa diferente”) – politicamente engajada, pensadora, intelectual, espiritual, aquela que considera o status quo e a dominação do discurso liberal como um verdadeiro desastre e traição da tradição Europeia. Como você avalia as chances de vitória de uma “Europa diferente” sobre a “primeira”?

Felix H. Widerstand:  Claro, existem essas duas Europas; a primeira está sendo imposta sobre nós pelos arquitetos Maçônicas da agenda liberal – ver “plano Kalergi” – particularmente desde a chamada “Escola de Frankfurt” (Horkheimer, Adorno, Marcuse...) todo tipo de sujeira e veneno espalhou-se para derrubar a sociedade e os valores Europeus tradicionais com o seu “Marxismo cultural” e “politicamente correto”; pois eles (por sinal) influenciaram diretamente os protestos de Maio de 1968 na França (a operação da CIA, a primeira “revolução colorida”, muito tempo antes da Ucrânia) com levantadores como Cohn-Bendit, a fim derrubar o Presidente De Gaulle, que não se curvou à OTAN como solicitado.

Essa “Europa Liberal”, que lentamente nos sufoca, infelizmente é a tendência majoritária; particularmente no Ocidente. A “outra” Europa, a “diferente”, é a que resiste a essa guerra psicológica e estratégia de domínio. Nós somos a minoria. Mas essa Europa espiritual, tradicional, orgulhosa, consciente de suas raízes e disposta a preservar a sua soberania e a sua identidade é geograficamente muito melhor representada no Oriente: Eu vejo a Rússia como uma grande esperança para todos os Europeus.

 Natella Speranskaya:  “Não há nada mais trágico do que a incapacidade de compreender o momento histórico que estamos atravessando atualmente; – observa Alain de Benoist – este é o momento da globalização pós-moderna”. O filósofo Francês enfatiza a importância da criação de um novo Nomos da Terra ou uma forma de estabelecer relações internacionais. Como você acha que o quarto Nomos será? Você concorda que o novo Nomos vai ser Eurasiano e multipolar (transição de universum para pluriversum)?

Felix H. Widerstand:  Sim, devemos redescobrir nosso passado para entender melhor nosso presente, porque se entendermos nosso presente, seremos capazes de construir o nosso futuro. A visão de mundo Multipolar, como a proposta pelo movimento Eurasiano, é a única alternativa contra a hegemonia planetária dos imperialistas.

Natella Speranskaya:  Você concorda que a era da raça branca Europeia terminou, e o futuro será determinado pelas culturas e sociedades Asiáticas?

Felix H. Widerstand:  Eu prefiro dizer que a raça branca Europeia tem sido forçada a um fim na Europa, devido a engenharia bio- social, e a um Programa muito cuidadoso e bem preparado a longo prazo (lembre-se do plano de Kalergi).

Na verdade, os Asiáticos (especialmente as massas Chinesas e Indianas) superam muito os Europeus, e os Africanos também... Eles são muito numerosos, enquanto os brancos estão diminuindo cada vez mais.

Nesse contexto das culturas Asiáticas, é triste notar que a grande nação Japonesa, com história e tradição heróicas, foi americanizada nas últimas décadas, tornando-se também uma sociedade capitalista-mercantilista corrupta, quase tão ruim quanto a moderna civilização Ocidental.

Natella Speranskaya:  Você considera a Rússia como uma parte da Europa ou você aceita a visão de que a Rússia e a Europa representam duas civilizações diferentes?

Felix H. Widerstand: Considero a Rússia um caso particular, uma própria civilização, mas com raízes Europeias. Hoje em dia há uma enorme diferença entre a mentalidade média do ocidental comum e a mentalidade dos russos (e outros Europeus Orientais); porque os Russos e os Orientais ainda não estão tão corrompidos pelo veneno ocidental, e eles ainda são capazes de preservar a sua herança e identidade.

Natella Speranskaya: Ideologias contemporâneas são baseadas no princípio da secularidade. Você prevê o retorno da religião, o retorno de sacralidade? Se sim, de que forma? Você considera que seja o Islã, o Cristianismo, o Paganismo ou quaisquer outras formas de religião?

Felix H. Widerstand: As ideologias contemporâneas que proliferaram no Ocidente depois da Revolução Francesa e foram reafirmadas durante o século XX por correntes Freudo-marxistas realmente propagaram o secularismo e ateísmo. Os arquitetos Maçônico-talmúdicos por trás dessas ideologias modernas sabem perfeitamente bem que este é o melhor método para enfraquecer a sociedade: espalhar o individualismo e condenar o comunitarismo e a espiritualidade: “Dividir e conquistar!”

O Cristianismo foi infiltrado e destruído a partir de dentro no mundo Ocidental, e quase tudo que permanece (igrejas organizadas) é corrupto (o Vaticano, as seitas Protestantes, etc). Somente no Oriente, como na Rússia, a fé Ortodoxa representa ainda uma alternativa espiritual. O Islamismo, por outro lado, tem-se revelado como uma boa forma de resistência para os países Muçulmanos. Particularmente, a corrente Xiita, praticada principalmente no Irã, e que preserva também alguma herança antiga do Zoroastrismo Persa. Mas dentro do Islã também  há uma tendência de tentar destruir essa religião a partir de dentro, como um cavalo de Tróia: É o wahhabismo Saudita , o tipo “Calvinista” de Islã. Esses wahabitas (ou salafistas) fanáticos estão sendo apoiados pelo Ocidente, essa é a principal ideologia por trás da “Al- Qaeda” e todos esses grupos terroristas que assumiram controle da Líbia e estão tentando destruir a Síria. Além disso, essa é a ideologia dos terroristas Chechenos e dos Bósnios nas guerras Iugoslavas dos anos 90. Essa perversão demoníaca, que nada tem a ver com o verdadeiro Islã (como o estudioso Imran Hosein e muitos outros muçulmanos verdadeiros apontaram), está sendo usado pelo Ocidente como representantes, como mercenários, como “idiotas úteis”.

O imperialismo Sionista está tentando colocar o Cristianismo e o Islamismo um contra o outro (“choque de civilizações”) para destruir os dois mais facilmente. E o triste é que eles estão tendo êxito! Devemos acordar e perceber quem é o verdadeiro inimigo.

Apesar de simpatizar com o Paganismo antigo, acho que nós temos que ter muito cuidado com as tendências “neo-pagãs” que estão sendo espalhadas no Ocidente desde os tempos “hippies”; toda essa falsa espiritualidade “New Age” também é parte do plano para derrubar a cultura e a sociedade.

Na minha opinião, cada nação, cada cultura, deve estar ligada à sua própria tradição espiritual; ter orgulho disso e permanecer forte. Vemos isso com os líderes nacionais soberanos como o presidente Chávez, da Venezuela, que é um Católico fervoroso; ou com o presidente Lukashenko da Bielorrússia, que é um Cristão Ortodoxo devoto. Além disso, o mártir Gaddafi era um forte crente no Islã (ele incentivou o Sufismo e os estudos Islâmicos na Líbia). Ele condenou o terrorismo Wahhabi e salientou corretamente que essa repugnante ideologia Arábe nada mais é do que uma infiltração do Ocidente Sionista no mundo Árabe-Muçulmano.